Estudo em Israel mostra aumento de abortos espontâneos e natimortos após vacinação com mRNA no início da gravidez

Gestantes vacinadas com a primeira dose da vacina de mRNA (principalmente Pfizer) entre as semanas 8 e 13 de gestação apresentaram cerca de 3,9 perdas fetais adicionais a cada 100 gestações
Foto: Freestocks/unsplash

Uma análise com mais de 220 mil gestações em Israel, conduzida por pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e do MIT, entre outros, apontou uma associação positiva entre a vacina mRNA contra a COVID-19 durante o início da gravidez e o índice de abortos espontâneos e natimortos.

“Os resultados fornecem evidências de um número substancialmente maior que o esperado de perdas fetais subsequentes associadas à vacinação contra COVID-19 durante as semanas gestacionais 8-13”, afirmaram os autores no estudo.

Resultados

A pesquisa avaliou 226.395 gestações únicas entre 2016 e 2022. As principais descobertas foram:

  • Gestantes vacinadas com a primeira dose da vacina de mRNA (principalmente Pfizer) entre as semanas 8 e 13 de gestação apresentaram cerca de 3,9 perdas fetais adicionais a cada 100 gestações, em comparação com o número esperado com base em dados históricos (13 contra 9 esperadas).
  • Mulheres que receberam a terceira dose no mesmo período apresentaram cerca de 1,9 perdas fetais adicionais por 100 gestações.
  • A maioria das perdas fetais em excesso ocorreu após a 20ª semana de gestação, com quase metade após a semana 25.
  • Em contraste, gestantes vacinadas contra influenza durante o mesmo período apresentaram menos perdas fetais que o esperado, reforçando a hipótese do chamado “viés do vacinado saudável”.
  • Mulheres vacinadas contra COVID-19 ou influenza antes da gravidez não apresentaram aumento de risco.

De onde veio o estudo

O estudo, intitulado “Observed-to-Expected Fetal Losses Following mRNA COVID-19 Vaccination in Early Pregnancy”, utilizou uma metodologia de comparação entre o número de perdas fetais observadas e o número esperado, calculado com base em dados históricos (2016–2018). O modelo levou em conta fatores individuais de risco e a semana gestacional em que a vacinação ocorreu.

A pesquisa foi liderada por Josh Guetzkow, sociólogo da Universidade Hebraica de Jerusalém, em colaboração com Retsef Levi, professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que foi recentemente nomeado para o Conselho Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP), do CDC, órgão norte-americano. Além deles, diversos outros cientistas assinam o estudo, como Yaakov Segal, chefe dos serviços de obstetrícia e ginecologia do Maccabi, um dos centros hospitalares mais prestigiados de Telavive.

Comparação com vacina da gripe reforça resultados

Os pesquisadores também analisaram os efeitos da vacinação contra influenza durante a gestação como forma de controle. Neste grupo, observou-se menos perdas fetais do que o esperado, o que sugere a presença do chamado “viés do vacinado saudável” — uma tendência estatística em que pessoas que se vacinam costumam, em geral, serem mais saudáveis e terem melhor acompanhamento médico. Isso normalmente reduz os riscos de desfechos negativos.

Ou seja, se esse viés estivesse atuando a favor da vacina contra a COVID-19, esperava-se encontrar menos perdas fetais também nesse grupo. No entanto, o aumento nas perdas entre as gestantes vacinadas com mRNA reforça a hipótese de uma associação real com as vacinas COVID, tornando os achados do estudo ainda mais consistentes.

Confiança nos dados

“Nenhum dos coautores (inclusive eu) concordaria em colocar seu nome em um artigo tão controverso sem estar extremamente confiante de que os resultados são sólidos como uma rocha”, comentou Josh Guetzkow, autor principal do estudo.

Alô, checadores da fatos

Vão falar que é preprint? Vamos lembrar que diversas pesquisas mostram que os resultados de pré‑prints — como o estudo israelense em questão — raramente mudam após a revisão por pares. Por exemplo, uma meta‑epidemiologia baseada em 114 ensaios clínicos (44 pré‑prints e 70 artigos publicados) concluiu que não houve diferença estatisticamente significativa nos resultados entre versões pré‑print e publicadas (ROR = 0,88; IC 95 %: 0,71–1,09).

Outro estudo constatou que, em 109 pares pré‑print/publicação, 81 mantiveram total consistência nos resultados, e em nenhum caso houve alteração da conclusão principal.

Além disso, uma análise cruzada de estudos clínicos do medRxiv observou que 74 % eram totalmente concordantes em amostra, desfechos primários, resultados e interpretações, e que, quando havia discordância, essa se devia a alterações pequenas, sem impacto nas conclusões

Fonte

Observed-to-Expected Fetal Losses Following mRNA COVID-19 Vaccination in Early Pregnancy | medRxiv


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Redação MPV

Equipe de jornalismo do MPV - Médicos Pela Vida, uma associação médica com milhares de associados que se notabilizou no atendimento da linha de frente da COVID-19.

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