A aprovação da vacina contra a chikungunya pela Anvisa não é um marco científico — é um atestado de irresponsabilidade. Enquanto a mídia repete o mantra de “segurança e eficácia”, os documentos oficiais revelam um cenário aterrador: a vacina foi liberada sem qualquer evidência minimamente sólida, sustentada por um critério tão frágil quanto risível: “razoavelmente provável para prever proteção”.
A frase acima, surpreendentemente extraída do relatório da Anvisa, deveria constar em manuais de como destruir a credibilidade científica. A agência justificou a aprovação com base em um marcador substituto: anticorpos neutralizantes (≥ 150 µPRNT50) detectados em 98,9% dos vacinados. O problema? Nenhum estudo em humanos comprovou que esses anticorpos previnem a doença.
A estratégia foi validada em macacos e em um estudo soroepidemiológico nas Filipinas — uma população geográfica e geneticamente distante da brasileira. Ou seja, extrapolou-se resultados de primatas para justificar a proteção de milhões de pessoas. Se um aluno de medicina sugerisse essa metodologia em uma prova, seria reprovado. Por que a Anvisa aceita? Entendam. Não foi sequer um estudo randomizado em primatas.
O padrão-ouro ignorado
Qualquer manual básico de pesquisa clínica ensina: estudos randomizados, controlados por placebo e duplo-cegos são o padrão-ouro para comprovar eficácia e segurança. Esses métodos eliminam vieses, garantem que os resultados sejam atribuíveis à vacina e não ao acaso, e revelam efeitos adversos raros.
Nada disso foi feito com a IXCHIQ. A Anvisa admitiu que os surtos “imprevisíveis” de chikungunya tornaram “inviáveis” os testes de eficácia. Conveniente. A solução? Aceitar a sugestão do fabricante, com interesses em vender, de usar anticorpos como substituto. É como aprovar um carro sem testar se ele anda, apenas medindo a pressão dos pneus.
Faltam dados de segurança
Os riscos não são menos nebulosos. A vacina, composta por vírus vivo atenuado, é contraindicada para imunossuprimidos, gestantes e indivíduos com doenças autoimunes — grupos que, paradoxalmente, estão entre os mais vulneráveis a complicações da chikungunya. Reações adversas graves, embora “incomuns”, incluíram sintomas semelhantes à própria doença, como febre, artralgia e erupções cutâneas, com dois casos de sintomas prolongados por mais de 30 dias.
A Anvisa reconhece “incertezas” sobre segurança em longo prazo, efeitos em populações endêmicas e pediátricas, e a possibilidade de reações raras. Mesmo assim, considerou o perfil “aceitável”. A pergunta que não cala: aceitável para quem? Para os que desejam vender ou para os cidadãos que receberão um produto cujos riscos reais só serão mapeados após a liberação?
Ou seja, o que está sendo anunciado na televisão como “seguro e eficaz”, segundo documentos da própria ANVISA, não possui dados nem de segurança nem eficácia.
Valneva e Butantan: falta transparência
A vacina é produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Valneva, empresa francesa que já enfrenta investigações nos EUA exatamente por essa vacina. Em fevereiro de 2025, o CDC abriu um inquérito após cinco hospitalizações por eventos cardíacos e neurológicos em idosos vacinados. Escritórios de advocacia acusam a empresa de omitir informações críticas a investidores, e suas ações despencaram 13,5% após o anúncio.
Já sobre o Butantan, em 2022, a Folha denunciou: “Estudo da fase 3 da Coronavac continua sem publicação em revista científica 1 ano após preprint“. Passaram-se anos, e o estudo ainda não foi revisado por pares. Agora, repetem o roteiro: aprovam uma vacina sem dados robustos, enquanto a população vira cobaia de um experimento sem consentimento.
Brasil: o país dos experimentos obrigatórios
Enquanto nações europeias não recomendam vacinas COVID para crianças saudáveis, o Brasil obriga a todos os bebês de 6 meses a 5 anos a receberem doses sem respaldo em urgências reais. É o mesmo dogmatismo que ameaça transformar a IXCHIQ em mais um decreto obrigatório, forçando milhões a participar de um ensaio clínico disfarçado de campanha de saúde.
Comentário editorial MPV
A chikungunya causa sofrimento real, mas a resposta não pode ser negligência disfarçada de esperança. A aprovação da IXCHIQ consagra um precedente perigoso: substituir ciência por suposições, dados por wishful thinking.
Portanto, exigimos:
1 – Suspensão imediata da vacina até que estudos randomizados e duplo-cegos comprovem eficácia e a segurança;
2 – Transparência total sobre os conflitos de interesse da Valneva e do Butantan;
3 – Fim da histeria vacinal que transforma cidadãos em cobaias.
É incrível precisarmos falar nesses termos, mas não somos animais de laboratório. Somos seres humanos. E a ciência digna desse nome nunca se contenta com “razoavelmente provável para prever proteção”.
Fonte
IXCHIQ (vacina chikungunya): novo registro