Em abril de 2024, o MPV – Médicos Pela Vida alertou as autoridades sanitárias sobre a ineficácia do Paxlovid e pediu o fim de sua distribuição gratuita pelo SUS. Passados meses, novas evidências confirmam que esse medicamento não tem impacto na redução de hospitalizações e óbitos por COVID-19. Ainda assim, o governo continua destinando recursos públicos para sua aquisição.

Um estudo publicado na JAMA Network Open em janeiro deste ano analisou dados de mais de 1,6 milhão de adultos entre 65 e 74 anos em Ontário, Canadá, no ano de 2022. Os pesquisadores concluíram que o Paxlovid® não reduziu significativamente o risco de hospitalização ou morte por COVID-19 nesta população. O próprio autor principal do estudo, John Mafi, professor da Escola de Medicina David Geffen da UCLA, declarou ao The Washington Post: “Ficamos surpresos e decepcionados”.

A Pfizer inicialmente anunciou que o Paxlovid teria 89% de eficácia  no tratamento para impedir a evolução da doença para a forma grave e óbitos, conforme publicado no New England Journal of Medicine. Essa promessa, no entanto, nunca se confirmou na prática. Mesmo assim, o medicamento continua sendo oferecido pelo SUS e vendido por quase R$ 5.000 nas farmácias, enquanto o governo americano já gastou impressionantes US$ 12,6 bilhões na compra deste remédio. Não há transparência sobre a quantia desperdiçada pelo governo brasileiro, o que reforça a necessidade de um debate aberto e responsável sobre os gastos públicos.

O cenário atual é um retrato da crise de credibilidade da indústria farmacêutica e da captura regulatória das agências de saúde. O Paxlovid foi vendido como uma solução milagrosa, mas sua ineficácia já está amplamente documentada. Como observado em discussões críticas nas redes sociais, estamos diante de uma situação absurda: um medicamento testado para “diminuir a gravidade e o risco” em pessoas previamente submetidas à vacina COVID-19, sendo que ambos os produtos são fabricados pela mesma empresa. O fato de esse estudo existir já evidencia que nenhuma das soluções propostas pela Pfizer cumpriu suas promessas.

É urgente que o governo brasileiro interrompa imediatamente a compra e distribuição do Paxlovid pelo SUS. O dinheiro público deve ser usado com inteligência, priorizando tratamentos de baixo custo, alta segurança e eficácia. O MPV reafirma sua recomendação de investimento em medidas cientificamente comprovadas e baratas, como a vitamina D, por exemplo. Um estudo definitivo, publicado pelo periódico científico Pharmaceuticals, demonstrou que a vitamina D reduz em 72% o risco de internação em UTI por COVID-19. Ao invés de seguir servindo aos interesses da indústria farmacêutica, as autoridades sanitárias deveriam ouvir os profissionais de saúde independentes e adotar políticas realmente eficazes para proteger e tratar a população.

Fonte:

Hospitalizations and Mortality Among Older Adults With and Without Restricted Access to Nirmatrelvir-Ritonavir | Geriatrics | JAMA

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